Dor aguda no ombro: conheça as causas mais comuns

A dor intensa no ombro com início espontâneo geralmente é causada por alterações inflamatórias agudas

Veja abaixo as causas mais comuns:


Tendinite calcária

A tendinite calcária (tendinopatia cálcica ou calcificada) é a principal suspeita diagnóstica quando existe uma dor repentina e aguda no ombro, com início espontâneo, sem que tenha existido alguma causa identificada.

A tendinite calcária é um tipo de alteração dos tendões do manguito rotador, em que ocorre a formação de um depósito de calcificação no interior de um ou mais tendões (1). Geralmente, a calcificação se desenvolve ao longo de meses ou anos, muitas vezes sem causar sintomas, ou podendo causar dor leve, sem limitações (fase formativa).

Eventualmente a calcificação pode desencadear uma crise aguda e intensa de dor chamada crise de reabsorção, na qual o conteúdo pastoso no interior do depósito é extravasado e entra em contato com a bursa subacromial, causando uma inflamação intensa no local (bursite).

A inflamação (bursite) geralmente é identificada em exame de ultrassom ou ressonância magnética. Radiografias do ombro também são importantes para avaliar a presença das calcificações.

A dor costuma ser intensa e dificultar a movimentação ativa ou passiva do ombro. Pode ocorrer dor à mínima movimentação do ombro. Muitas vezes é necessário uso de analgésicos potentes por via oral ou endovenosa aplicada em pronto-socorro.

Na existência deste tipo de dor, é importante que o paciente procure atendimento médico logo que possível para investigação e diagnóstico correto. Quando a tendinite calcária é confirmada, o tratamento inicial é baseado em analgésicos e anti-inflamatórios, incluindo corticosteróides, caso não existam contra-indicações. Em casos específicos, pode ser realizada infiltração local no ombro com corticóide para diminuição do processo inflamatório.

A evolução da crise de reabsorção da tendinite calcária costuma ser boa na maioria dos casos, com melhora completa da dor em 1 a 2 semanas. É comum ocorrer reabsorção completa ou quase completa dos depósitos de calcificação e melhora completa dos sintomas. Neste período é importante a avaliação com ortopedista para condução adequada do tratamento.

Síndrome do manguito rotador

Outra causa comum de dor aguda no ombro são as inflamações ou lesões dos tendões do manguito rotador. A inflamação pode ocorrer de forma aguda nas seguintes situações:

  • Realização de movimentos repetitivos, principalmente com elevação do ombro
  • Esforços físicos além do habitual 
  • Movimentos bruscos em situações imprevistas
  • Traumas do ombro

Muitas vezes a dor não aparece logo após o esforço físico ou movimento brusco, podendo ocorrer no dia seguinte ou alguns dias após o evento desencadeante. É comum que o paciente não se lembre o que pode ter levado ao quadro inflamatório.

Um sintoma comum é a dor ao deitar, levando a prejuízo da qualidade do sono. O uso de anti-inflamatório, como cetoprofeno ou diclofenaco, por poucos dias costuma aliviar este sintoma, até que uma investigação mais completa seja realizada.

A reação inflamatória no tendão (tendinite) geralmente é acompanhada de inflamação da bursa (membrana que reveste o tendão), levando ao quadro de bursite, e pode ocorrer alteração estrutural do tendão com fissuras (tendinopatia) ou rupturas.

O diagnóstico é realizado na avaliação médica com exame físico detalhado e exames de imagem, como ultrassom ou ressonância magnética.

Em grande parte dos casos as alterações do manguito rotador são transitórias e reversíveis.  Quadros inflamatórios, sem rupturas, costumam melhorar em algumas semanas (até 6 semanas). Rupturas parciais ou totais podem causar dor por tempo mais prolongado. O tratamento consiste principalmente no uso de anti-inflamatórios na fase aguda, diminuição de esforços e reabilitação com fisioterapia. Quando não existe melhora no período de 1 a 3 meses, o tratamento cirúrgico pode ser indicado.    

Referências:

Umamahesvaran B, Sambandam SN, Mounasamy V, Gokulakrishnan PP, Ashraf M. Calcifying Tendinitis of Shoulder: A Concise Review. J Orthop. 2018 Sep;15(3):776–82.

Mall NA, Tanaka MJ, Choi LS, Paletta GA Jr. Factors affecting rotator cuff healing. J Bone Joint Surg Am. 2014 May 7;96(9):778–88. 

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